Até que, em meados da década de 90, com a crise que se instalou em Portugal – e no mundo -, as sucessivas intervenções da Troika e do FMI, a ascensão do cavaquismo e as condições de vida dos portugueses a agravarem-se de dia para dia, António Garcez decidiu emigrar para os Estados Unidos.
Nesse país – e sim, se a sua história de vida até aqui já dava um filme (eventualmente rodado nos velhinhos estúdios da Tóbis), a partir deste momento as suas peripécias que se seguiriam davam um outro, mas desta vez já rodado em Hollywood: por lá casou, tirou vários cursos superiores, conheceu Mundo, saltitou entre empregos de topo, substituiu as saudades de Portugal e da música por mil outras coisas.
Mas o bichinho da música nunca o largou
Em 2001 lançou o álbum a solo «Rio Abaixo»; em 2014 participou no álbum ao vivo «Arte & Ofício aLive after 40 Years»; em 2018 lançou um EP, em que já colaborava com Ricardo Gordo.
E é exactamente aí, nesse encontro com Ricardo Gordo, jovem alentejano apaixonado pela guitarra portuguesa e pelos territórios mais extremos do rock e do metal – para além de fã incondicional de Garcez – que começa a tomar forma o álbum, «Vinde Ver Isto». Um álbum que é urgente conhecer e uma enorme surpresa lírica e musical onde a voz de António Garcez mantém toda a sua pujança, a sua clareza, a sua originalidade e o seu potencial.